domingo, 25 de setembro de 2011

Dress Rehearsal

Normalmente eu escrevo o post no domingo, depois de baixar os treinos analisar os números, mas a idéia do que eu vou escrever quase sempre surge durante o longão. Mas desta vez tudo foi diferente, após meu treino minha cabeça fervilhava de pensamentos e simplesmente não consegui a dormir. Fui obrigada a levantar, ligar o computador e começar a escrever (tá bom não levantei propriamente, levei o notebook para a cama :-) ). Tentarei escrever da melhor maneira, mas me perdoem se as idéias ficarem um pouco confusas...

Dress Rehearsal é uma expressão utilizado na empresa onde eu trabalho quando vamos simular uma grande mudança. É um ensaio feito antes da mudança, onde são testados os planos de mudança, de validação, de fall back, etc.

Encarei meu longão de hoje como um Dress Rehearsal da Maratona. Nunca havia feito isso e achei bem interessante. Segui a risca a alimentação e suplementação desde ontem e tentei começar o treino no mesmo horário da prova (atrasei 20min apenas). Na minha cabeça não encarei como um treino simplesmente de 32 a 34km, encarei como tivesse a maratona inteira para correr.

A primeira coisa que notei foi no café da manhã, meu nutricionista sempre aconselha o uso de Estomazil, não para problemas digestivos, mas sim como algo para evitar a fadiga muscular. Devo confessar que nunca levei muita fé nisso e nunca havia utilizado, mas o Vagner usa e me falou que fazia bem para ele, então resolvi testar... O problema é que tomar isso de manhã junto com as outras coisas que eu normalmente tomo não me fez bem e tive que fazer uma visita extraordinária no banheiro antes de sair de casa. Com certeza vou ter que revisar este item no plano final para a maratona.

Quando cheguei na base esperava chuva, mas o dia estava esquisito, estava meio abafado com o sol saindo entre nuvens de vez em quando e um vento contra fdp. Fiz o aquecimento de 1km e iniciei o treino. Comecei devagar deixando meu corpo entrar no ritmo sozinho, neste momento achei que o treino não ia ser bom, pois não estava correndo fácil e a velocidade girava em torno 5:30, mas resolvi não forçar. Só que após o 8º km meu corpo simplesmente acordou, o ritmo entrou e passei a correr mais fácil.

Diferente da Maratona do Rio e de todos os treinos que eu havia feitos antes dela, eu não forcei para manter um ritmo pré-determinado, eu mantive uma determinada percepção de esforço e a velocidade ia variando conforme as condições do percurso, diminuía na subida, aumentava na descida e se mantinha no plano. Durante o treino ,duas as coisas me irritaram profundamente, os gels ficavam dançando e me incomodando na minha bermuda o que me fazia ter que arrumá-los toda hora. Na maratona não sofri com isso, pois o porta número os mantinha no lugar, de qualquer forma, terei que achar um jeito melhor para levá-los, pois a quantidade é significativa são 5 mais um que sempre levo de reserva. A outra coisa foi o vento contra, nossa como ventou, chegava uma hora que parecia que eu estava correndo numa esteira ao ar livre, eu corria e não saía do lugar, o ritmo desabava e a fc aumentava, nos últimos km eu cheguei a xingar este maldito vento.

Esta estratégia de usar a percepção de esforço e não uma velocidade pré-determinada, aliado a suplementação, foi muito boa, pois passei pelo 21º, 27º e 32ºkm sem notar cansaço muscular, apenas tive que usar a força mental para manter o ritmo após o 27º km, pois normalmente noto uma queda natural da concentração neste ponto, parece que te desconectam da bateria e depois sem mais nem menos você volta como se nada tivesse acontecido. Outra coisa que notei com esta estratégia é que a fc manteve dentro dos 85%, passando apenas quando pegava subida ou o vento contra, mas depois ela retornava para seu patamar. Isso foi um excelente sinal, pois significava que eu não ultrapassei meu segundo limiar, o PCR ponto de compensação respiratória.

Já no finalzinho meu relógio começou a marcar errado e resolvi encerrar com o treino com 33km, pois para fazer 34km eu dependeria da marcação do relógio para determinar a distância correta e ele me faria correr a mais. Fechei os 33km com 3:01, mas poderia ter completado os 42km sem problemas e isso foi o melhor.

O que eu aprendi deste treino é que finalmente reencontrei meu ritmo ideal de maratona. O tempo final da maratona irá depender das minhas condições físicas e mentais no dia, das condições da prova (percurso, altimetria, vento, temperatura, etc) e de quanto vou estar inteira e poderei acelerar nos km finais.

Não sei se o índice sairá nesta prova ou não e isso teoricamente não importa mais, o importante é que continuarei treinando, sempre farei o meu melhor nas provas, arriscando sempre que for possível e um dia, naquele dia especial, o índice sairá naturalmente. Como a minha mãe sempre diz a Natureza não dá salto. Eu sou um “bebê” no mundo das maratonas, esta é minha quarta maratona e com certeza ainda terei muito a aprender.

Falando em buscar sonho, hoje estava conversando com um IM, o Samuel e ele está indo para o IM da Havaí. Eu diria que Boston está para os maratonistas assim como o IM Havaí está para os IM, só que com uma diferença, conseguir vaga para o IM Havaí é muito, mas muito mais difícil do que conseguir índice para Boston sem contar o custo envolvido com inscrições, bike, suplementos, etc....

O Samuel tentou por 6 anos, ficando no ano passado a menos de 1min da vaga e este ano no IM Brasil ele finalmente conseguiu. Enquanto ele falava das dificuldades pelo qual ele passou fiquei o admirando pela persistência e pensando se eu teria a mesma garra para levantar a cada queda, para ultrapassar cada obstáculo e para perseguir meu sonho.

Na vida grandes conquistas são moldadas em cima de muitas tentativas que não deram certo e a diferença é que aqueles que chegaram lá aprenderam a levantar e a utilizar a falha como um combustível para continuar tentando.

Lembrei então do filme Invictus e do poema que Mandela lia enquanto estava preso, "I am the master of my fate; I am the captain of my soul" que traduzindo "Eu sou o senhor do meu destino, capitão da minha alma".
Seja qual for o seu sonho devemos persegui-lo sempre e se for do seu merecimento um dia ele será alcançado, o que não podemos é simplesmente não tentar por achar que algo não é possível.

Com relação aos outros treinos da semana, na terça-feira treino regenerativo, 10min de aquecimento seguidos por 10 de 30" ritmo médio, na quarta-feira 4 de 2 km a 85% e na sexta-feira 8 de 1 km a 90%. 

5 comentários:

  1. oi, yeda!!!

    parabéns pelos treinos!

    muito legal você testar o ritmo antes, e assim, como você fez, de uma maneira intuitiva!
    antes de algumas provas, eu também fiz isso, e me ajudou muito na hora de enfrentar o desafio, porque eu me senti mais segura, mais segura até mesmo pra arriscar mais!

    eu acredito que sonhar é o melhor combustível! a gente vai longe nessa busca de realizar nossos sonhos!

    sucesso na sua busca;)

    bjs
    http://elismc.blogspot.com

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  2. Yeda, estava começando a moontar na mente o comentário que ia deixar aqui, mas quando cheguei na frase do filme Invictus, acho que não é necessário escrever mais nada.
    Parabéns pelo trein e pela "sacada" em te ouvir e seguir numa retomada de treino que realmente te beneficie.
    Bjo e boa semana.
    Ingrid

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  3. Sempre te disse: corra.

    Não pense. Pensar atrapalha. Olhar relógio, a frequencia...esquece!

    O seu corpo vai achar o seu pace natural e você não vai notar o tempo passar, muito menos a quilometragem...

    É simples!

    Agora, putz, tomou o estomazil antes de sair de casa? Eu tomei na prova. Será que foi essa a diferença?

    Mas, olha, pensando bem, deixa isso pra lá! Você não precisa disso!

    Se isso foi "treino", imagine quando for para valer!

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  4. Yeda, IM do Hawaii é infinitamente mais difícil do que Boston pra gente. Pra Boston você tem que fazer uma marca em alguma das milhares de maratonas que são classificatórias. Pro Ironman de Kona, você tem que ser um dos melhores em um dos poucos IM que existem. Em algumas faixas etárias, é uma vaga só. E se você queimar sua chance em Floripa, ferrou, esquece, pra conseguir correr outro IM no mesmo ano pra tentar classificação, só com muita grana e treinando tudo de novo. Ou seja, se vc correr Boston é um tremendo corredor, mas se vc for pra Kona, vc não é um tremendo triatleta. Na verdade vc não é desse mundo. E qualquer triatleta que vai pro Hawaii consegue fácil classificação pra Boston. O comentário foi todo pra falar disso, pra dizer uma coisa: esse seu amigo Samuel é um monstro. Mas você também é, nas nossas devidas proporções.

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  5. Olá... Pesquisando sobre o papo de ontem no whats, achei seu blog e resolvi deixar um "oi"... Muito legal seu texto...

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