domingo, 25 de novembro de 2012

Balanço de 2012



Não é Black Friday, mas chegou a hora de fazer o balanço de 2012... Tudo bem que normalmente faço isso em Janeiro junto com as promoções pós-Natal, mas neste ano tive que antecipar um pouquinho (ou bastante..) por causa do treinamento para a Maratona de Boston.

O bom do Blog é poder rememorar o passado, relembrar dos compromissos assumidos e principalmente reviver o momento. O ano de 2012 iniciou turbulento, estava estressada e sem esperança, meio seguindo a música "Deixe a vida me levar", decidi então não fazer meta e sim fazer o meu melhor... Só que uma parte do texto me chamou a atenção e reproduzo abaixo:


"Pensando nos anos desde que comecei a correr, vejo que rodamos em ciclos, 2008 foi excelente, repleto de conquistas, 2009 foi complicado, mas me ajudou a realizar 2010 e 2011 voltei a ter um ano complicado. Como dizem, é na dor que evoluímos mais e posso dizer que aprendi muito neste ano, mais do que nos outros".

Como eu previ 2012 foi responsável pela virada mais fantástica que já tive e pelas conquistas mais surpreendentes. Primeiro tive que entender tudo que estava acontecendo comigo, repensar meu valores e objetivos de vida e tomar a decisão de mudar. A troca de emprego fez tudo melhorar e a vida voltar ao eixo. Revi meus conceitos e percebi que gastamos boa parte da nossa energia e tempo em coisas que não valem a pena.... Será essa a sabedoria da meia idade????? Bem, vamos voltar a corrida e deixar a parte filosófica da vida para outro momento.

Só que a mudança do trabalho e a redução do stress fizeram meus tempos melhorarem com mágica. Aqui acho que vale um parênteses:
Na verdade, acho que poderia utilizar os dados dos meus treinos para um estudo sobre a influência do stress no treinamento de um atleta. Infelizmente somos amadores e temos que equilibrar nossa vida esportiva com trabalho, família e outras preocupações. O treinamento nos faz evoluir, mas como tudo na vida é contínuo e sem salto. Tenho registro dos meus treinos desde 2008 e a partir de Abril é notório o salto, ou seja, a redução dos tempos.
Fecha parênteses.

Analisando o ano, creio que posso dividi-lo em três partes, a primeira marcada por quebras e stress, a segunda marcada pela preparação para a Maratona e a grande conquista do índice e a terceira marcada pelo treino de intensidade para melhorar velocidade nas curtas distâncias e corrigir algumas deficiências.

Esta última fase foi a mais difícil de todas e também a mais cansativa, pois para mim correr maratona é tranquilo e prazeroso, enquanto correr em alta velocidade é dolorido e praticamente não existe prazer, o negócio é terminar e pronto. Durante os treinos tive que encontrar meu pace pois nunca havia feito treino de velocidade e como meu tempos reduziram, perdi completamente a noção. O resultado foi uma sequência interminável de quebras durante os treinos. Nunca na minha história de atleta deixei de concluir tantos treinos por simplesmente não conseguir correr mais. Só que no final tudo valeu a pena, consegui finalmente correr em velocidade e a suportar melhor a fase anaeróbica.

Outra mudança efetuada neste ano foi a inclusão de mais um dia de treino, ao invés de 4 treinos semanais passei a fazer 5 e este aumento no começo foi complicado, pois correr no dia seguinte a um longão não é tão fácil como se parece e demorei algumas semanas para começar a se acostumar. Com isso meu volume semanal aumentou e no segundo semestre fui capaz de correr uma meia maratona sem fazer nenhum treino acima de 10km.


Graças a tudo isso, 2012 ficará marcada como o ano que conquistei PR em todas as distâncias
  • 42km - maratona de Rosário - 3:39:37
  • 21km - Golden Four Brasília - 1:46:50
  • 10km - Tribuna FM - 0:48:30 (na Corrida Santos Dumont eu bati esta marca, mas como a prova tinha 300m a mais o tempo não é oficial)
  • 5km - M5km - 0:23:30
Daí fica o questionamento, o que fazer depois de Boston, até onde poderei melhorar, até quando continuarei a evoluir......Estes questionamentos permanecerão adormecidos até a maratona, pois somente voltarei a pensar nisso após Boston.

Nesta semana inicio novo ciclo de treinamento e pela primeira vez passarei as festas de final de ano treinando pra valer. Todo o treino sofrerá mudanças pois terei que estar preparada para a variação altimétrica da prova, além de ter que treinar pesado nos meses mais quentes do ano. Mas estou animada e ansiosa para voltar a treinar para uma maratona. Que venha os treinos!

Para terminar não posso deixar de agradecer aqueles que me ajudaram a chegar até aqui:
  • Ao Orlandinho, meu treinador por quase 4 anos e principal responsável em me tornar uma atleta. Muitas vezes também assumindo o papel de psicólogo para aguentar minhas crises quando os treinos não saem como deveriam sair. 
  • Ao Robson, meu professor de musculação, por quase 2 anos e responsável pela minha preparação física para aguentar todos os treinos e provas sem qualquer lesão.
  • Ao Dr Ronaldo Leão Abud, meu médico que cuida de mim a mais de 15 anos e que diz que já que eu vou fazer loucura ele precisa pelo menos ser co-autor e me ajudar.
  • Ao Mário meu nutricionista que vivo fugindo, mas que sempre me orienta e sempre monta uma estratégia perfeita para a maratona.
  • A todos amigos e familiares que me apoiam incondicionalmente.

domingo, 11 de novembro de 2012

A novela chamada Inscrição para Boston


"O Destino é inexorável" já dizia Merlin, não importa quantas voltas a vida dá, se tiver que ser e você lutar, ele será. Como nada na minha vida veio fácil, a inscrição para Boston também não viria e o pior, por incrível que pareça, é que o mais difícil não foi treinar e correr uma maratona para sub 3:40, os detalhes transformaram o fácil no quase impossível.... Mas vamos começar pelo começo e como dizia um programa infantil, senta que lá vem estória...

A estória de Boston começou a mudar num domingo após a prova da Tribuna. O Nelton, até então um amigo, brincou que iria para Rosário me puxar os ultimos km da maratona. A prova caía exatamente no período do Rio+20 e ele teria alguns dias folgas. A princípio não acreditei, depois achei ele louco, pois sem mais nem menos ele fechou a viagem, colocando inclusive em risco a preparação para as provas dele. Depois comocei a amar a idéia, afinal ter alguém com você nos km finais de uma maratona não tem preço.

Quando fui para Rosário os treinos apontavam que podia correr abaixo de 3:45 e que em condições perfeitas poderia ser sub 3:40, so tentava não pensar nisso queria ir correr sem pressão, meu objetivo era fazer o meu melhor, se saísse o índice ótimo, se não saísse tudo bem tentaria numa outra maratona no ano que vem. Só que não tinha como não pensar no índice pois em 2013 eu faço 40 anos (antes que os engraçadinhos falem não sou "gato" ao contrário) e o índice para 40 anos era de 3:45.

Durante a prova eu me esforcei bastante, mas nos quilômetros finais quando a tendência é deixar o ritmo cair o Nelton me puxou e só fiz um sub 3:40 porque ele estava lá comigo. Concluir em 3:40 ou 3:42 já me deixava feliz e de quebra garantiria meu índice.

Quando os resultados oficiais foram divulgados uma surpresa, o tempo oficial no site era de 3:40:24. Dias depois achei num site de fotos e num site do tipo "webrun" o resultado com tempo líquido 3:39:37, pensei "tudo bem em vez de fazer a inscrição com 5 minutos antes, faço inscrição junto com todos os outros mortais que tem índice".

Nesta época o Nelton já me perturbava, "pede o certificado, eles precisam te mandar o certificado com o tempo oficial". Eu mandei algumas mensagens pela ferramenta do site e também alguns e-mails para os endereços da organização, mas não recebi nenhuma resposta.

Em 17 de Setembro quando foram abertas as inscrições encarei a triste realidade, para Boston você tem que ter a idade no dia da prova (15/04/2013) e não apenas no ano. Em outras palavras, para todas as provas no Brasil a partir de 01/01/2013 eu começo a fazer parte da faixa etária 40-45, mas para Boston eu ainda tenho 39 anos, pois faço aniversário em 09/05 ou seja 24 dias depois do dia 15/04. Assim meu índice era na verdade 3:40 e não 3:45 como imaginava e a vantagem de quase 5 min passou para -24".

Perceberam o 24 novamente? O meu tempo bruto ultrapassava 24" o tempo de corte e meu aniversário 24 dias. Meus pais brincaram comigo dizendo que na verdade a culpa era deles, pois eu deveria ter nascido antes do dia 15/04, mas se isso tivesse acontecido a diferença de idade entre mim e meu irmão seria menor que 12 meses, pois ele nasceu em 15/04 (mesmo dia da prova) um ano antes de mim.

Voltando, para piorar a situação na semana de inscrição o resultado do site do tipo "webrun" começou a apresentar erro e fui obrigada colocar na inscrição o link do site oficial como tempo bruto e link do site de foto como tempo líquido.

Semanas se passaram sem qualquer retorno de Boston, numa angústia total, era como se tivessem me dado um doce e depois tirado. Já estava olhando uma outra maratona como plano B e o Nelton enviou mais de 50 mensagens via ferramenta do site para eles sem nenhuma resposta.

No começo de Outubro fui acompanhar o Nelton na Maratona de Buenos Aires e eis que andando na Expo, encontro nada mais nada menos que um stand da Maratona de Rosário. Paramos para falar com eles, expliquei o caso e falei da importância do certificado e eles ficaram de mandar o certificado. Anotei a necessidade e meu e-mail no caderno deles e o Nelton pediu o e-mail da pessoa. Saindo de lá o Nelton comentou comigo, eles vão esquecer, chegando no hotel você manda e-mail pedindo o certificado.

Na segunda-feira pós maratona mandei um e-mail para ele pedindo o certificado e novamente não obtive resposta alguma. No dia 15 de Outubro recebo resposta da Maratona de Boston, solicitando o certificado com meu tempo líquido e informando que minha inscrição estaria em "on hold" até o recebimento do certificado.

A depressão bateu, encaminhei esta mensagem para o e-mail da pessoa de Rosario e nada novamente. Já tinha jogado a toalha já estava me conformando em fazer outra maratona para obter o índice, mas o Nelton me disse que iria continuar tentando e se fosse necessário iria na IAAF. Bem ele achou a pessoa no Facebook e também a fanpage do Atletismo Rosario (organizador da maratona), mandou DM, mandou e-mail, publicou no mural e quando mencionou a IAAF eles responderam.

No mesmo dia eu recebi meu certificado e encaminhei para Boston que responderam prontamente e dias depois recebo a confirmação da inscrição e o cartão abaixo pelo correio.

A novela estava encerrada e em 15/04/2013 irei correr a Maratona de Boston e esta prova não será de apenas uma pessoa, pois se vou em 2013 é por causa do Nelton, assim não correrei apenas por mim, mas por ele também.

Agora começa a segunda parte, preparar tudo para a viagem e daí levei um outro susto, como é caro!!!! Já fiz algumas mudanças, a festa dos 40 anos que planejava no ano que vem já era e estou aceitando doações, presente de aniversário adiantado, patrocínio, etc rs rs rs Mas o mais importante é que lá estarei, claro se o mundo não acabar em Dezembro de 2012.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Golden Four Brasília


No domingo eu finalmente debutei no circuito Golden Four, sim nunca havia corrido nesta serie criada para performance e devo dizer que fiquei bastante impressionada.

Foram na realidade duas estreias, uma na prova e outra em Brasília. Eu já havia ido para Brasília uma vez, mas fui a trabalho, mais exatamente para uma reunião e passei menos de 8 horas por lá, não dando tempo sequer para dar uma volta pela cidade, mas neste feriado foi diferente, consegui pelo menos fazer um tour diferente pela cidade. :)

Estas provas especiais tem um tempero a mais, o encontro dos amigos, muitos são virtuais morando em cidades diferentes e justamente nestas provas é que conseguimos nos reunir. É o momento para matar saudades, jogar conversa fora e principalmente falar do que mais gostamos, correr. Cada um no seu ritmo, com seu objetivo, mas todos fazendo o que amam.

Aproveitando o feriado viajamos na Sexta-feira e a noite fomos com minha amiga Leticia para um barzinho, sim, eu frequento barzinho.... Tá certo que não lembro quando foi a última vez, mas eu frequento...rs rs rs




No sábado entre uma chuva e outra foi dia de visitar a Expo para retirar o kit, almoçar no shopping com amigos e como não podia faltar jantar pizza com os amigos.
No domingo, acordamos cedo e ainda escuro fomos de carona com a Letícia até a largada. Lá encontramos vários amigos e após breve conversa, fui para o aquecimento e em seguida me posicionar na largada. Graças ao meu resultado de Rosário foi possível largar na Elite B.
Eu e Leticia no amanhecer em Brasília
Quando foi dada a largada, já fiquei no canto, pois o ritmo de parte dos corredores seria maior do que o meu e não queria atrapalhar ninguém. Foi engraçado pois o começo da prova é um desfiladeiro e com corredores indo num ritmo mais forte que o seu a tendência é correr mais forte, com isso o ritmo do 1º km foi alucinante.

A descida seguiu até o km 3 quando viramos a direita. A partir daí virou uma reta com falso plano e lá pelo km 4 eu estava entediada, querendo parar de correr, desistir de tudo. Agradeci a Deus pelo Nelton ter decidido fazer a prova dele e não me puxar como havíamos combinado, pois era uma pressão a menos, não precisava correr para PR. Entendi também naquele momento o que a Leticia havia me contado na sexta, que era entendiante correr naquela reta. Bom como não tinha o que fazer nem como voltar, fiz um acordo com o meu corpo, manter o ritmo em torno de 5:00 até o fim da reta e quando fizesse o retorno para voltar tudo eu poderia seguir no ritmo que quisesse já que este trecho seria o único de leve subida da prova.

O retorno chegou um pouco depois do km 8 e quando comecei a subir aquele tédio passou e consegui manter um ritmo de 5:15/5:20 na subida. No km 10 o relógio marcava 50min cravado.

Perto do km 14 viramos a direita novamente no Eixo Monumental para continuar a descer. Ao passar pelo km 15 o relogio marcava 1:16 e numa rápida conta vi que ainda era possível conseguir fechar a prova dentro do objetivo 1h45, se corresse abaixo de 5:00/km. Aquilo me encheu de ânimo e comecei a acelerar, mas a descida não acabava e pior virou um desfiladeiro.

Perto do km17 chegamos numa espécie de plano, daí viramos a esquerda e depois a direita e a descida continuou. Ao passar no km 18 pensava, "só faltam 3, só faltam 3, acelera" e nisso comecei a passar alguns corredores ao mesmo tempo que minha musculatura começou a dar sinal de cansaço e a junta do dedão do pé começou a doer.

Neste momento um corredor voltava para encontrar a amiga (ou namorada não sei) e quando a viu deu a volta e começou a puxá-la, "Vamos Maria, falta menos de 3km acelera"; senti um pontada de inveja, dela estar com alguém a ajudando e eu correndo sozinha, mas ao mesmo tempo aquilo me incentivou e acabei conseguindo acelerar mais.

No km 20 a descida finalmente acabou fizemos um retorno e viramos a esquerda rumo a chegada, só que já estava com a musculatura cansada, o ritmo caiu um pouco e fiquei com a sensação que fosse desmaiar, mas segui em frente. Faltando 500m vi o Nelton me esperando e foi a melhor visão da prova inteira. Ele se aproximou e eu falei que não estava bem. Ele seguiu me incentivando falando que so faltava uma volta na pista do Espéria. Virei a direita e acelerei nos últimos 100m (na hora achei que tivesse me arrastando, mas olhando os dados no Garmin eu fui a 4:30 neste trecho), cruzando a linha de chegada em 1h46min50s (novo PR mundial) e dizendo que nunca mais correria na vida.

Todas as sensações possíveis passaram por mim nos minutos seguintes, era uma mistura de felicidade, alívio, raiva, tristeza e eu só pensava "Não preciso correr mais, não quero correr mais". E o Nelton brincou comigo na hora "Amor você tem Boston pela frente".... Mas isso é outra história....

Meu companheiro nas pistas e na vida