quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Depois das provas vem a ventania….

Sabe aquele ditado que diz que quando a vida oferece limões fazemos limonada? Então, nos treinos não é muito diferente, o simples ato de correr envolve tantas variáveis que não é possível controlar todas e tentar sempre obter o melhor tempo é praticamente impossível….  As condições ideais de treino, como o CNTP (condições normais de temperatura e pressão) nas pesquisas, só existem no mundo ideal, com isso temos dia bons, dias ruins, dias extraordinários e dias terríveis e um atleta deve aprender a reconhecer estas variáveis e fazer o seu melhor mesmo que isto não resulte num bom tempo.

Um recorde normalmente é batido quando este conjunto de variáveis tornam-se favoráveis, estar apenas bem treinado não garante recorde, apenas o deixa capacitado a buscá-lo. O mesmo vale para um treino, o treinador quando elabora a planilha, está considerando o ambiente ideal, mas cabe ao atleta, principalmente ao amador, analisar as variáveis, como cansaço e stress devido ao trabalho, coração partido, temperatura muito alta, umidade baixa, percurso com altimetria variável ou então momentos alegres da vida, férias, temperatura baixa, etc e fazer ajustes nos treinos.

Por exemplo, eu treino baseado em frequência cardíaca (fc) e dependendo destas variáveis, o ritmo numa determinada fc pode variar absurdamente e não significa que estou melhor ou pior, mostra simplesmente que estas variáveis ajudaram ou não… ficar frustrado porque num treino onde tudo jogou contra, não foi exatamente o que o treinador pediu é tão inútil quanto tentar prever onde o arco íris irá aparecer.

Bom tudo isso, foi só para justificar a minha semana que começou muito bem e terminou levada pelo vento….

Na terça-feira achei que iria estar com a musculatura cansada por causa da prova de domingo, mas isto não aconteceu e consegui fazer o treino, 8 de 2’30 a 80% com ritmo em torno de 5:00.

Na quarta-feira, o treino 2 de 4 km 80% também foi muito bem, fiz a primeira série com ritmo 5:10 e a segunda com ritmo 5:04, correndo solta e sem forçar.

Na sexta-feira chegou a vez de 5 km a 85%, comecei correndo tranquilo com ritmo em torno de 5:10, quando me dei conta que podia acelerar e correr com ritmo menor. Fui pra cima e fechei os 5km em 24min28s.

No sábado, como numa mudança repentina de tempo, tudo mudou…. O treino era pra ser passeio no parque, 20km a 80%. Não sabia exatamente que ritmo ir, mas a idéia era girar em torno de 5:10/5:15 e se tivesse bem acelerar para 5:00. Mas as variáveis não permitiram, o tempo estava quente e seco, eu dormi pouco, comi uma banana que parou minha digestão e já nos primeiros km dei um mau jeito no pescoço o que me fez correr com dor da cabeça até o ombro. Tentei ainda no começo forçar o ritmo, mas não conseguia ir mais rápido que 5:20. Para piorar enfrentei a pior ventania da minha vida, ventava tão forte que precisava fazer esforço tremendo para me manter correndo. Diante disso, tinha duas opções, abortar o treino ou aproveitar a vista…. Decidi aproveitar a vista e apenas completar a quilometragem correndo no ritmo que desse. Fui levando o treino, a ventania desgastou minha musculatura e no final praticamente me arrastei… Fechei o treino em 1:53:00 literalmente acabada, tão exausta que desabei no chão, sem coragem para levantar. Nem em treinos de 34km terminei deste jeito…

Passei o sábado largada no sofá e no domingo ainda estava tão cansada que abortei o treino e dormi até o corpo dizer chega…. Foi tão bom…

Posso afirmar que o treino de domingo entrou com certeza para o ranking dos treino/prova mais difíceis da minha vida, aquele para contar para meus netos o dia que transformei limões em limonada e aproveitei a vista.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

10 Milhas

Correr com ritmo na casa dos 4:xx era algo tão inacessível que eu sequer ousava sonhar, o meu maior sonho sempre foi chegar aos 50min nos 10km. Nunca tinha imaginado correr uma meia quem dirá uma maratona e quando olho para trás vejo que tudo aconteceu de um simples pensamento “Será que eu consigo?”

Nunca coloquei minha felicidade numa meta impossível, pelo contrário sempre encontrei a felicidade em cada passo conquistado, em cada treino cumprido e em cada segundo baixado.

Este domingo foi um dia muito especial, sabia que podia correr rápido, mas não sabia o quão rápido podia ir. O tempo seco e quente, o percurso passando pela Politécnica deixava tudo ainda mais incerto… E a grande pergunta era “será que eu conseguiria terminar? Será que não morreria na metade?” Bom, decidi tentar correr o mais rápido que pudesse, deixando a fc numa faixa mais segura pelo menos no começo, no segundo terço da prova se tivesse bem iria acelerar e no terceiro terço, aceleraria o máximo que pudesse. Só que (tem sempre um só que) a execução saiu um pouquinho diferente.

Quando foi dado a largada, saí como uma vaca doida acelerando e tentando fugir do tumulto. Logo nos primeiros metros, uma surpresa, vi que em vez de seguir pelo Jóquei, já viramos para a Ponte da Cidade Universitária. Resolvi atacar a subida e acelerar na descida, tanto na ida da ponte quanto na volta e para sofrer menos na ponte… Daí continuei forçando, não tanto quanto uma prova de 10km, mas com certeza mais forte que eu imaginava, com ritmo entre 4:50 e 4:55. Nesta parte resolvi esquecer minha estratégia e seguir neste ritmo o quanto eu podia… Marquei um casal que corria solto neste ritmo e fui acompanhando…

Viramos no sentido do Jóquei e continuamos na mesma toada, fizemos o retorno e voltamos para a USP, as vezes passava este casal, as vezes eles me passavam. Quando chegamos na raia da USP, meu ritmo caiu um pouco e o casal seguiu em frente se distanciando de mim. Neste momento eu vi uma moça loira com camisa rosa, ela estava uns 20m na minha frente e seguíamos com ritmo entre 4:50 e 5:00.

Percebi que estávamos fazendo o percurso no sentido contrário indo pela parte de cima da Raia, fazendo aquele vai e vem típico da USP, antes de ir para a Politécnica. A parte que estávamos na raia da USP era com sombra e a outra pista, que seria usada no final da prova era no sol, em outras palavras isto significava que a partir da politécnica até o fim da prova, o sol seria meu companheiro. Neste momento resolvi acelerar, fazer uma bolsa de minutos e poder ir um pouco mais devagar na subida do cavalo e na temível Politécnica.

Quando seguimos em direção a praça do cavalo, pegamos retardatários das 5 milhas e isso afetou um pouco meu psicológico fazendo meu ritmo cair ligeiramente. Feito o retorno e indo em direção a Politécnica, meu ritmo retornou como por um milagre.

Na Politécnica um espírito baixou em mim e encarei a ida com ritmo ligeiramente abaixo de 5:00. No retorno, a menina de rosa que eu seguia reduziu o ritmo e eu consegui alcança-lá, disse para ela “Estou te seguindo desde lá em baixo, vamos juntas terminar esta prova” e ela foi comigo com ritmo entre 4:50 e 4:55, as vezes mais baixo… Foi uma ajuda silenciosa, não conversávamos, mas uma não deixava a outra reduzir o ritmo… Saímos da Politécnica e chegamos na raia da USP, faltavam 2km mas para mim parecia uma eternidade, o ritmo voltou a ser de 4:55 a 5:00 e eu lutava para seguir em frente. O sol castigava e os kms não passavam.

20130915_091048Quando passamos pela placa do km 15 eu disse a ela, se quiser pode acelerar, eu vou continuar neste meu ritmo aqui. Ela acelerou e voltou a ficar 20m na minha frente….daqui a pouco comecei a ver a placa de 500m, 400m, 300m (e eu pensava é uma volta e meia na pista do Espéria e acabou)… Ouvi umas pessoas dizendo que já tinha dado 1h20 e pensei será??? Quando vi o relógio na chegada, percebi que eles estavam errados, estava na casa dos 1h19, o que significava que meu ritmo estava abaixo de 5:00 e que pela primeira vez na vida iria completar uma prova acima de 10km na casa dos 4:xx….Cruzei a linha de chegada em 1h19m17s, cansada, super aquecida, mas extremamente feliz… Alcancei um sonho que para mim era impossível…

E agora???? Bom, vamos voltar aos treino, afinal a G4 de Brasília me aguarda e se tudo der certo será mais uma prova na casa do 4:xx.

Ah, terminado a prova falei com a moça de rosa e a agradeci… Não sei o nome dela, não sei em qual colocação ela terminou, mas ela será minha coelha.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Troféu Independência

Quase 4 meses depois da minha última prova, voltei novamente a me posicionar numa linha de largada…. Sabia que a prova iria ser dura e que no km 8 teria que enfrentar uma subida de 1km, mas mesmo assim durante a semana decidi assumir o melhor estilo kamikaze, acelerar desde o início e me virar quando a subida chegasse.

Antes da prova porém, ainda durante a semana, tive alguns treinos fortes; na terça foram 20 de 1min ritmo médio, seguidos por 10min ritmo médio forte e na quarta foram 4 de 1,5 km sendo 1 km a 80% e 500 a 85%. Na sexta o treino estava em aberto e resolvi dormir ao invés de treinar, uma vez que no trabalho a semana havia sido bastante cansativa.

 20130907_090348 Quando o Sábado chegou, era pura ansiedade, tudo apontava para uma excelente prova, mas o percurso cheio de sobe e desce era uma incógnita se aguentaria ou não. Ao ver o pórtico de largada percebi que tinha entrado numa fria, o percurso não era igual a dos Bombeiros e a largada ficava mais embaixo, o que indicava subida mais longa logo de início.

Fiz um bom aquecimento e fui pra largada uma vez que não havia baia por ritmo e quanto mais atrás eu ficasse mais tráfego enfrentaria. Enquanto aguardava, vi duas meninas na minha frente e pensei, “caramba estas meninas não devem correr nada e ficam aqui na frente, provavelmente vão atrapalhar os outros corredores…”

Quando foi dada a largada, saí acelerando e tentando vencer a subida o mais rápido possível, mas o gás foi acabando e a ladeira não… Pareceu uma eternidade quando vi o primeiro km e a ladeira embora menos íngreme continuava…. Antes do 2 km viramos e começamos a descer… Achei que teríamos somente descida, só que para minha surpresa o percurso passava por uma verdadeira montanha russa, com mais descidas do que subidas, é verdade… Nisso eu vi uma das meninas da largada, ela estava a uns 20m na minha frente e por mais que acelerasse não conseguia chegar nela….Olhei para o relógio e vi que estava a 4:40 e pensei não é possível, não pode ser que ela corra neste ritmo… Passei então a perseguir a menina mas a distância não diminuía…

Quando finalmente chegamos na parte plana da prova, lá pelo km4, havia separação entre os 5 e 10km e vi com uma satisfação imensa a 20130907_090600 menina ir em direção dos 5km, eu estava certa, ela não conseguiria fazer 10km naquele ritmo.

Precisei então arranjar um novo desafio e vi um grupo de corredores que haviam largado comigo e que estavam um pouco na minha frente…Decidi então mantê-los a vista…. A parte plana, não era bem plana, era cheia de falsos planos, as vezes a favor, as vezes contra e com isso meu ritmo variava.  Cheguei uma hora achar que estava ficando louca, fazia esforço e o ritmo não caía e do nada como se parasse de forçar, o ritmo melhorava como mágica. Nesta parte também notei que não havia mulher perto de mim, algumas (bem poucas) estavam bem a minha frente e outras estavam bem atrás.

Ao chegar próximo ao km 8, a ladeira recomeçou e sabia que teria pela frente pelo menos 1km de subida…. Comecei decidida a manter o ritmo e passar por esta última ladeira, mas devo confessar que sou fraca para o sofrimento e quando a brincadeira começou a apertar, o cansaço começou a bater e a dor passou a ficar mais forte, acabei andando. Andei por alguns segundos umas 3 vezes, mas o suficiente para a dor passar…

Quando a ladeira terminou, meu ritmo voltou ao normal e eu consegui passar de volta, alguns que haviam me ultrapassado… Olhei para o relógio e vi que não daria PR, tentei acelerar o máximo que dava na descida e assim recuperar parte do tempo perdido… Cruzei a linha com 49min27s, não foi PR, mas foi a melhor marca do ano….20130907_085019

Quando saiu o resultado minha percepção estava correta… haviam poucas mulheres na minha frente, fui a 10º no geral feminino e 2º na faixa etária… Para se ter noção da distância, enquanto estava na ladeira no km 8, eu ouvi a 5ª colocada chegar….

Fiquei muito feliz com este resultado, embora ainda tenha muito que melhorar, esta prova pela dureza do percurso, fazer abaixo de 50min foi uma conquista e tanto

Domingo que vem tem mais, 10 milhas da O2 e resta saber como me sairei….

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O dia que a pilha duracel não acabou…

Com quase uma semana de atraso, vamos a semana de treino… Dessa vez segui a planilha certinha e devo dizer que eu me surpreendi com alguns treinos. Parecia que um espírito baixou em mim e corri como nunca havia corrido antes…

Na terça-feira, treino leve para soltar as pernas, 10 de 4 min. Mesmo treinando leve o ritmo foi aumentando e no final fechei o treino com um pouco mais de 6 km.

Na quarta o treino começou a ficar mais forte, 4 de 8 min progressivo. Comecei a 5:30 e a cada volta na pista ia acelerando. Para tornar mais divertido fiz cada serie mais forte que a anterior. No final fechei o treino com 8km

Na sexta-feira o treino não rendeu, passei o tempo todo fazendo força e o ritmo simplesmente não entrava, no final fechei 5 km a 85% com um pouco mais de 25min.

20130831_134115 Já no sábado tudo mudou, o treino era pesado 3 de 4 km no ritmo de 10km. Queria fazer com ritmo abaixo de 5:00 e na melhor das hipóteses
com ritmo 4:50, mas parecia que tinha acordado com o capeta no corpo e as parciais foram 19:29, 18:57 e 18:41.

E não parou aí, a tarde fui para o McDonald's para transformar km em sorrisos. No McDonald's da Henrique Schaumann montaram uma infra-estrutura com esteiras e a cada km percorrido, o valor de um BigMac era doado para a campanha McDiaFeliz. Bom depois de ter almoçado um bel20130831_134115o BigMac fui enfrentar meus 10min e consegui fazer 2,2km, nada mal né?

No domingo, tinha 10km a 80%, combinei com o Colucci e fomos no Ibirapuera para mais um #blablablarun. As pernas pareciam que pesavam  2 toneladas, mesmo assim fechei os 10km em 52:20, o que equivale a um ritmo médio de 5:14. Em outras palavras estou 14seg da minha próxima meta.

E amanhã no feriado tenho Troféu Independência, 10km na montanha russa do Ipiranga e estou curiosa para saber qual tempo farei….

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