domingo, 31 de julho de 2011

Absolem

Duas semanas se passaram desde a Maratona do Rio e neste período aproveitei para fazer um balanço geral deste semestre.

Na primeira semana tirei uma folga do trabalho e fui para um hotel para descansar e me recuperar. Foi muito bom, pois tive um semestre desgastante no trabalho e nos treinos e estes dias me ajudaram a recuperar as energias regada a muita comida boa e massagens.

Durante minha estadia no hotel também li o livro "O que eu falo quando falo de corrida" o que me deixou um tanto introspectiva e me fez começar a questionar a minha vida como um todo. É engraçado mas me sinto pesada como se estivesse passando por um transformação com o Absolem em "Alice in Wonderland", a sensação que eu tenho é que preciso me desafazer do velho para deixar o novo entrar. Quando esta transformação irá terminar e qual será o resultado, eu ainda não sei, estou no meio do processo.

Já na segunda semana voltei a trabalhar, mas permaneci descansando dos treinos. Até podia ter ido nadar ou fazer outro tipo de esporte, mas o semestre foi tão cansativo que resolvi trocar os treinos pelo meu sono.

Contudo, durante todo este período fiquei com um gosto amargo que precisou ser digerido, o resultado da Maratona do Rio. Eu treinei muito para simplesmente aceitar um tempo de 4:02. Por favor não entendam 4:02 como um mau resultado em termos gerais, o bom e o mau é relativo ao esperado e planejado de cada pessoa, o que é mau resultado para um pode ser o sonho e um grande resultado para outro.

Um resultado ruim nos faz pensar muito a respeito, mais do que um bom e se não tirarmos nada de bom de um mau resultado, este não serviu de nada. Já tive várias conversas com amigos e com meu treinador e uma coisa que ficou clara é que superestimei minha capacidade, comecei rápida demais e quebrei no final. É claro que o calor influenciou, se não tivesse tão quente minha queda de velocidade no final poderia não ter sido tão acentuado. Outra lição aprendida é que quando se corre perto do limite, a margem de erro diminui e um erro no ritmo causa um estrago muito grande.

Desta análise também surgiu uma ideia, fazer a Maratona de Buenos Aires em Outubro. Normalmente, faço uma maratona por ano, mas não ia conseguir ficar um ano pensando no que passou, além disso, terminei a maratona fisicamente inteira e uma maratona adicional este ano seria plenamente possível.

Assim, minha semana de folga termina e um novo objetivo para o segundo semestre surge. Agora posso dizer que virei a página e um novo capítulo se inicia.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Semana Pós Maratona

Como meu treinador diz, descanso também é treino!!!! e minhas férias continuam.....

terça-feira, 19 de julho de 2011

Maratona do Rio

Mais uma maratona completada, mas desta vez não vou contar como foi agora no início, vão ter que ler até o final ou pular para a última página :-)


A Viagem
Para evitar stress de ter que chegar na largada, resolvi viajar com a ECTavares e foi uma grande escolha. Toda a programação foi cumprida com louvor e os atletas e acompanhantes eram muito legais, dei muita risada durante toda a viagem. Recomendo a ECTavares para quem for correr fora de SP.

Almoço Pre-Prova
O Colucci organizou um almoço com 100 atletas e acompanhantes e foi muito agradável e divertido. Aliás já falei para ele que ele deveria mudar de ramo e se dedicar a organizar eventos e provas, já imaginaram como seria o Colucci como organizador de provas na Yescom? Daí sim teríamos uma prova de qualidade... Bom, no encontro revi os velhos amigos, conheci amigos que até então eram apenas virtuais e fiz novos amigos. E o Colucci acertou na mosca quando marcou almoço e não jantar, pois tivemos mais tempo para conversar e ainda chegar cedo no hotel para descansar.


A revista Contra Relogio com uma materia com a Letícia, minha amiga está famosa

Momento tecnologia, almoço com transmissão ao Vivo

Ufa, Colucci finalmente conseguiu parar e almoçar

Reparem no número, cada participante ganhou o seu

Claudia e Jr, grandes amigos


O Kit

O kit

Momento feminino, unha combinando com a camiseta

A Prova
Como programado saímos as 5:00 do hotel e chegamos perto das 6:00 na largada. Consegui deixar minhas coisas no ônibus guarda volume, usar aquele fantástico banheiro químico, fazer aquecimento tudo com calma e sem atropelo. Também encontrei o Jr, a Claudia e Elio e ficamos juntos até a largada.

Após hino nacional foi dada a largada sem grandes atropelos, mas mesmo assim dei uma puxada para me livrar do tráfego. O planejamento era fazer os primeiros 5km com ritmo 5:25 e depois subir para 5:20 e ir mantendo até a Niemeyer, na subida dar uma reduzida e depois acelerar mais e terminar a prova dentro da meta. O plano era lindo, mas a execução foi um tanto diferente.

A corrida começou indo para sul e depois retornando para a largada, onde prosseguimos para o Norte no sentido do Aterro. Os primeiros 10km corremos numa via com o mar do lado direito, a mata do outro lado e o sol nascendo na frente. Foi um momento de paz, onde pude agradecer a Deus pelo fato de estar viva e fazendo o que eu gosto. Tentei neste ponto apenas não deixar a fc subir, mas estava correndo fácil e sem fazer força.

Após esta parte, chegamos na Barra, onde os prédios fizeram uma sombra gostosa, mas por volta do km 14 comecei a sentir difícil manter o ritmo que eu estava e acabei dando uma reduzida. Como eu reduzi, o Jr que até então estava correndo comigo seguiu em frente e eu continuei minha corrida sozinha.

Passei a marca da Meia Maratona dentro do tempo e me sentindo bem. Logo depois veio a subida do Joá e tive que dar uma reduzida para enfrentar a subida. Dentro do túnel, uma surpresa, uma música clássica, luzes e imagens de corredor eram projetadas em Neon na parede do túnel. Um momento belo e de tirar o fôlego.

Saindo do túnel entramos na parte onde uma pista fica em cima da outra e a beleza era da natureza, o mar azul batendo das pedras, deixava o visual ainda mais bonito.

Daí por volta do km24 entramos numa parte de praia e minha perna começou a doer. Era uma dor diferente, na lateral de baixo do joelho. Mantive o ritmo e a postura das passadas e segui em frente, quando me deparei com a subida da Niemeyer. Foi engraçado, pois achei que a parte de uma pista em cima da outra era a Niemeyer e que não teria mais nenhuma subida.

Daí só me restou concentrar nas passadas, reduzir o ritmo e enfrentar a subida sem ficar olhando o final. Até que não foi tão ruim, mas as pernas começaram a doer mais. Também durante a subida, eu lembrei que havia esquecido de tomar o Gel, o plano era tomar 1 gel a cada 7 km e já estava no km 26 e o último gel que eu tomei foi no km 14.

Na Niemeyer passamos por uma parte plana, em frente ao morro do Vidigal e começamos a descida. A minha perna doía tanto que não consegui acelerar na descida, apenas mantive o ritmo e segui em frente.

Após a descida começou a praia e já estava com tanta dor que em todos os postos de água andava alguns segundos. Não reparei mais na paisagem, apenas tentava me concentrar nas passadas e manter o ritmo. Neste ponto terminar antes das 4horas seria um ótimo resultado, mas os km começaram a passar lentamente e cada km parecia eterno.

Passei em frente à arena dos jogos militares e me deu vontade de entrar, sentar e ficar por lá assistindo o jogo. Pensei também em pegar um táxi e chegar mais rápido no final, mas eu havia treinado tanto e desistir não era uma opção.

De repente (quer dizer nem tanto) viramos à esquerda e fomos em direção ao túnel, o fim se aproximava, graças a Deus.... Havia uma banda militar tocando, mas não prestei muita atenção, só queria que a corrida terminasse.

A todo momento gritavam que o fim estava próximo, mas cada metro percorrido meu sofrimento aumentava e a sensação de cãimbras também.

Quando passei pela placa do km 40, o gás acabou de vez e achei que fosse desmaiar , simplesmente não conseguia mais correr. Comecei a intercalar trote com caminhada e as pessoas gritavam para eu não parar que a chegada estava próxima, mas eu não tinha o que fazer. Vi uma ambulância e pensei em parar, lembrei do Piombo que desmaiou no km 41 e do Presidente que sofreu para concluir a maratona de SP. Ambos tinham alguém do lado e eu estava sozinha, então tinha que seguir em frente até o fim.

Quando avistei finalmente a linha de chegada, vi a Ligia e a Lariza, minhas amigas queridas, e aquilo meu deu uma sensação de conforto e consegui finalmente cruzar a linha de chegada em 4h e 2min.

Tinha conseguido, terminei mais uma maratona, o tempo não importava, eu estar viva e inteira sim. A emoção era tanto que não conseguia tirar o ticket do número para pegar a medalha. Um rapaz da organização me pediu calma, pegou o ticket e colocou a medalha no meu pescoço.

Sem mais nem menos comecei a chorar, então vi a Lariza e a Ligia que tinham vindo me encontrar e fui abraçá-las. Elas ao me verem começaram a chorar também... Em seguida encontrei o Jr e ao abraçá-lo chorei novamente. Um corredor que eu não conhecia viu o meu estado e foi me abraçar e me dar parabéns. Naquele momento eu era capaz de abraçar o mundo.

Agradeço a Ligia, a Lariza e o Jr do fundo do meu coração, eles compartilharam comigo um dos momentos mais importantes da minha vida e me deram uma força indescritível.

Que medalha sofrida....

Lariza e Ligia, minhas grandes amigas

A trupe de vencedores

A Organização

A Organização da prova foi perfeita, desde a largada até a chegada. Na largada não teve atropelo, em todos os postos tinham água gelada e nos postos de isotônicos uma garrafinha era distribuída. No final, teve distribuição de água, isotônico e kit de lanche que por sinal também foi muito bom.

O programa adote um metro também foi interessante, durante o percurso havia muitas pessoas incentivando os atletas e suas palavras de incentivo nos ajudaram muito.

Houve também algumas cenas engraçadas, havia um cara vestido de Rambo, com uma roupa de enchimento fazendo os gominhos na barriga e com um cartaz, “Corra ou eu atiro”. Havia um outro cara com um cartaz, “Corra ou eu agarro”. Tinha Robocop, Piratas do Caribe e outras figuras incentivando os atletas. Já no Vidigal, as crianças ficavam pedindo bonés.

Histórias

O legal de uma Maratona é que sempre temos histórias para contar e nesta não podia ser diferente.

No ônibus indo para a largada conheci um senhor extremamente simpático, chamado Antonio Monteiro. Ele contou que sua esposa é seu treinador e que ela briga com ele caso ele não termine a corrida entre os 5 primeiros da sua categoria. Ela ainda cobra se outros atletas estavam na corrida, pois se não estiverem a boa colocação não valeu... Ele também contou como venceu o sedentarismo e o vício no álcool. As histórias são tão legais que daria para escrever um livro.

Na subida do Joá um simpático senhor ficou ao meu lado, me incentivando. Ele tinha dezenas de maratonas nas costas e deu dicas valiosas, o mais engraçado é que ele falava que estava me mandando e-mails e que era para eu registrar no meu Pen Drive e que ainda me mostrou seu GPS. Quen diria encontrei um senhor mais antenado do que eu. Quase perguntei a ele qual era seu nick no Twitter.

Depois da Niemeyer vi um atleta abraçando várias pessoas que estavam lá apoiando ele. Mais tarde escutei ele conversando com um amigo e perguntando se o amigo tinha visto a família. O amigo disse que sim, que estava a mãe, a tia e a avó. Daí ele comentou que a família do amigo fizeram tanta festa para ele que parecia que era a mãe dele que estava lá.

O Resultado

O resultado não foi o esperado e analisando friamente, não posso jogar toda a culpa no calor. Ele prejudicou sim o resultado, mas acredito que a principal razão foi que superestimei minha capacidade.

No ano passado ceu orria curta e longa distância praticamente com o mesmo ritmo. Só que eu evoluí bastante na curta distância e achei que o ritmo que eu estava correndo era o ideal para a maratona, mas não era e o ritmo intenso no início da prova custou muito no final.

Não desisti de Boston, continuarei a perseguir o índice, mas creio que levarei mais tempo do que o planejado.

Agora estou de férias e somente na semana que vem vou pensar quais serão minhas próximas provas.

domingo, 10 de julho de 2011

Quando o gato cruza seu caminho...

Esta semana além do frio que continua a castigar os atletas madrugadores e uma redução no volume de treinamento (ufa... tá chegando), aconteceu um fato inusitado, um gato preto inconformado com o fato de ter uma pessoa correndo na pista as 06:00 e atrapalhando seu sossego, resolveu correr na minha direção. Eu já fui atacada ou perseguida por cachorros, mas por um gato suicida essa foi a primeira vez.

Por sorte consegui desviar do bichinho e ele saiu intacto deste encontro matinal, mas ficou uma pergunta, normalmente quando um gato preto atravessa seu caminho os superticiosos dizem que é sinal de má sorte e quando o gato resolve vir na sua direção como se fosse um cachorro? Espero que seja apenas um sinal de insanidade temporária causada pelo frio...rs rs rs

Na terça-feira o treino era 30 min de corrida leve seguidos por 4 series de 2 min sai fraco e chega medio. A corrida leve girou em torno de 7:00 e nas series seguintes começava devagar e chagava a 5:15. Treininho leve e congelante devido ao frio

Na quarta-feira esquentou um pouco e pude correr com apenas camiseta e manguito e o treino não foi nada leve, eram 6 de 1km a 85% e fiz cada serie abaixo dos 5:00.

A sexta-feira foi o dia mais frio que eu já treinei, embora a temperatura não estivesse muito baixa, por volta dos 9ºC, o vento frio e cortante deixava a sensação termica muito mais baixa. O treino era 2 series de 3 km a 80% (fiz o primeiro a 5:50 e o segundo a 5:16), seguido por um progressivo de 2 km (comecei rodando a 8:00 e terminei abaixo de 4:30).

O sábado fui para a base e o vento cortante lá estava ainda pior, passei muito frio até o sol dar finalmente as caras. O treino era 15km ritmo da prova, mas por causa do frio, acabei fazendo um progressivo, pois simplesmente não consegui começar correndo forte. Fiz os primeiros 5km com ritmo 05:23, os outros 5km a 05:15 e o ultimo a 5:13, fechando o treino com 1:19:00 (media de 5:18). Este treino foi tão rápido que quando terminou olhei em volta e fiquei me perguntando, acabou??? Nem deu para cansar.... rs rs rs rs

Agora é descansar, rezar para que domingo não esquente muito e estar pronta para a Maratona no dia 17.

Eu vou na sexta-feira a noite com a ECTavares e tem almoço organizado pelo Colucci no sábado, mas como o ônibus para a largada no domingo vai sair as 5:00 não vai dar para ficar até tarde. Vou voltar mais cedo para poder descansar e acordar na madrugada.

domingo, 3 de julho de 2011

A semana onde apenas os bravos sobreviveram (ou melhor treinaram)

Esta semana os termômetros em SP bateram os 3ºC, o dia amanheceu com gelo em cima dos carros e adivinhem onde eu estava???? É claro na pista do Espéria treinando.

O pessoal do sul não deve achar o fato de correr nesta temperatura muito inusitado, pois lá esta temperatura é normal, mas em SP temperaturas tão baixas são fatos raros e quem treina nestas condições são considerados loucos por aqui.... Eu juro que não entendo porque as pessoas ainda me perguntam se eu fui treinar e quando digo que sim me dizem que sou doida.

É claro que correr no frio não é algo tão poético como o texto no blog Canela fina (http://luizeduardocorredor.blogspot.com/) do Luiz Eduardo, principalmente quando a mão congela e dói mas é uma experiência diferente e que também exige alguns cuidados adicionais para evitar que se fique doente.

Bom com relação ao treinamento esta semana foi marcada por treinos progressivos e de velocidade e na musculação pela redução do volume.

Na terça-feira o treino era 20 min de trote seguidos por 15 de 1min de tecnica perfeita, mas como estava muito frio, os 20 min viraram corrida leve e os 15 de 1min acelerei e corri com pace de 5:00. Fechei o treino com 5,5 km e congelada.

Na quarta-feira o frio continuava e o vento tornou a sensação térmica ainda pior, ainda bem que o treino era mais intenso que o da terça-feira, eram 6 de 6 min sendo 2 min a 80%, 2min a 85% e 2min a 90%. Graças ao frio, a fc estava muito baixa então consegui praticamente manter o mesmo ritmo (de 5:00) em toda a serie, não foi preciso começar devagar e ir aumentando a velocidade a cada 2min. O problema maior deste treino foi ficar parada durante o descanso, pois eram 2 longos minutos de intervalo.... Fechei este treino com 8,7km e também congelada.

Na sexta-feira o frio deu um tempo, estava por volta dos 11ºC e consegui treinar na boa. O treino eram 10 de 2min a 85%, seguidos por 10min de progressivo. Consegui fazer os tiros abaixo de 5:00 e o progressivo comecei devagar, rodando a 8:00 e finalizei abaixo dos 4:30. Ao todo o treino foi de 7,6 km e foi muito legal, já estava com saudades dos treinos de velocidade.

No sábado o treino foi simplesmente perfeito, foi o melhor que fiz nesta temporada, a começar pelo dia que estava encoberto, sem vento e com uma temperatura maravilhosa. O treino era de 25 a 27km progressivo, então resolvi começar com ritmo de 5:45, ir reduzindo o ritmo em 5s a cada 5km e nos últimos 2km acelerar o quanto as pernas permitissem. A execução saiu exatamente como planejado, os ritmos foram de 5:44, 5:38, 5:36, 5:28, 5:26 e 5:16. O bom é que desta vez não senti cansaço nem dor pelo ácido lático e fechei o treino em 2:36, considerando mais 1km de aquecimento.

Este treino me deixou feliz e com novo ânimo, mas por outro lado fiquei com uma dúvida mortal, Eu já havia montado uma estratégia, meio suícida é verdade, mas diante deste progressivo tão bem feito fica a pergunta, qual estratégia devo adotar na maratona? Com que ritmo devo começar a correr e quanto devo ir acelerando?

Vou ter a semana que vem inteira para pensar a respeito e fechar a estrategia.