domingo, 21 de outubro de 2012

M5km

Algumas provas são planejadas, existe um treinamento específico e pode ou não trazer bons resultados. Já outras aparecem no seu caminho do nada e daí não tem como negar e o resultado é uma caixinha de surpresa, é um pouco do tipo "o que tinha pra hoje".

Desta vez, tudo começou quando recebi um e-mail do Thiago da agência DM9 me convidando para a prova M5k. Achei tão bonitinho o convite e pensei "por que não?" Normalmente em época de treinamento para maratona eu nego várias provas, pois o foco total está nos treinos e como um ser metódico, não me permito algumas escapadas, mas agora o treino está realmente em velocidade e o momento é realmente de experimentar outras provas.

 Uma rápida consulta com treinador e tudo certo, prova encaixada no meios dos treinos.


A proposta era receber o kit, customizar a camisa e antes da prova tirar umas fotos para a Fanpage do evento. Recebi em casa o kit completo da prova incluindo a camisa e o chip e vários recados para ficar atento a troca do horário de verão (Sou fã da Corpore, a organização e o cuidado deles é muito bom).

No domingo, acordei cedo e fui de metrô até o Anhangabaú, correr no centro histórico é uma delícia e o percurso era uma espécie da corrida do Centro histórico ao contrário. Cheguei perto das 7:00 deixei bolsa no guarda volume e fui aquecer. O treinador pediu para eu fazer um bom aquecimento e descansar pelo menos 12 min.

As 7:30 fui para o ponto de encontro, Stand VIP do McDonalds, mas era do lado do palco principal e estava uma bagunça por causa do aquecimento, esperei alguns minutos lá, mas infelizmente não achei ninguém. Como eu queria sair na frente, já que minha inscrição não foi de Elite, resolvi ir para largada. Passei rapidamente na Tenda Corre Brasil, para encontrar com Colucci, esposa e filhote e de lá fui pra largada. Consegui ficar praticamente na fita o que me ajudou na largada a evitar o atropelo

Algumas cenas interessantes, a galinha da Sadia estava lá e me lembrava como eu ando depois do longão. Estava tão complicado para ela andar que tinha duas pessoas do lado so para segurar. O Ronald também passou por lá e deu seu recado. Existia vários homens que literalmente pararam pra ver a mulherada de rosa passar.

Devo confessar que o tempo que esperei para a largada foi o tempo mais longo da minha vida, eu estava concentrada pra prova e a mulherada em minha volta fazendo uma festa sem fim. Eu nunca tinha corrida uma prova feminina e não tinha noção do barulho que 4000 mulheres podem fazer juntas. Estou curiosa para ver as fotos pois devem estar engraçadas, as mulheres pulavam e gritavam e eu com aquela cara "o que eu estou fazendo aqui" :).

Bom mas quando foi dada a largada saí com uma alucinada, olhei o relógio e ele marcava 3:56, pensei na hora "Será que consigo chegar inteira no final?" segui no ritmo forte e deixei o ritmo entrar sozinho, puxei tanto no nos primeiros metros que tinha a sensação que ia desmaiar.

Passando o 1ºkm começou minha luta pessoal em manter o ritmo forte, o meu garmin ficou louco com os predios e o ritmo variava muito, então meio que deixei de lado e segui minha percepção de esforço. Devo confessar que não lembro muito do percurso e nem deu para admirar os pontos históricos, só lembro das subidinhas e de uma senhora me passando como se não tivesse fazendo esforço nenhum.

Lembro que passei o 3ºkm com 13:43 e vi que terminar antes dos 24min era possível. A partir daí a luta para manter o ritmo se tornou cada vez mais difícil, não via mais nada, apenas me concentrava em seguir em frente e ficava o tempo todo dizendo para mim mesma, "tá acabando continue correndo forte". Os metros finais era numa descida e agradeci por isso. Quando cheguei a fc estava nas alturas e demorei um tempo para me recuperar.

Fui direto ao guarda volumes peguei minhas coisas e fiquei sentada suando tentando entender o que tinha acontecido, sim eu fiz os 5km em 0:23:30. Impressionante....

Esperei mais um pouco, voltei no Stand VIP do McDonalds para ver se conseguia encontrar com o Thiago, mas não vi ninguém, daí decidi ir embora.

Agora a pouco saiu o resultado, foi 23ª colocada no geral e 4ª na faixa etária... Dá para imaginar minha alegria? Estou aos poucos ganhando velocidade nas curtas distâncias e isto é fruto do treinamento.

No final o mais legal desta prova não foi o resultado e sim foi ver muitas mulheres correndo pela primeira vez, descobrindo o gosto pela corrida. O número de mulheres em provas de corrida de rua ainda é reduzido e competitivas então é menor ainda e eventos como este ajudam a divulgar o esporte.


sábado, 20 de outubro de 2012

Os 10 km da Corrida Santos Dumont e os proximo desafio M5km

Na sexta-feira estava assistindo um filme sobre surfe e o sentimento que imperou foi o de "free spirit". Os personagens formavam uma grande família e juntos seguiram surfando nos principais points da África.

Confesso que fiquei com vontade de surfar, mas calma, não irei mudar de esporte até porque tenho pânico de água. Só que acabei fazendo uma correlação entre este sentimento de "free spirit" do surfe com o da corrida e acabei indo mais longe entendi porque gosto tanto de maratona.

Quando treino no início do dia, enquanto a cidade ainda dorme, no silêncio dos meus pensamentos ao ritmo das minhas passadas vendo o primeiros raios de sol surgir ao horizonte, meu espírito flutua e neste curto espaço de tempo me sinto livre e conectada a natureza.  Acho que é por isso que gosto tanto de treinar de manhã, a tarde a cidade está agitada, todo mundo querendo chegar em casa, o stress já tomou conta, os problemas já nos dominaram e conseguir deixar tudo de lado é praticamente impossível. O treino acaba sendo uma válvula de escape.

A mesma coisa acontece quando corro uma maratona, o ritmo mais tranquilo e constante permite com o passar das horas este sentimento de "free spirit" tome conta de mim fazendo com que tudo em minha volta se apague e fico numa espécie de atmosfera zen onde meu espírito flutua.

Só que neste semestre nada disso está sendo possível, meus treinos passaram dos longos para os curtos e intensos, onde preciso o tempo todo lutar para manter a velocidade, rezar pra conseguir chegar até o final, lutar contra o estômago embrulhado e a vontade absurda de parar. São treinos diferentes, mas apesar de não muito agradáveis são importantes para o desenvolvimento da velocidade. Além disso, preciso de um descanso das longas distâncias até para me recuperar.

Assim foi nos 10km da corrida Santos Dumont, realizado no dia 12 de Outubro, comecei forte tentando manter o ritmo e vendo ele cair nos falsos planos e voltando a subir quando falso plano acabava. Meu principal objetivo era não andar, não ceder ao pedido do corpo de parar, vontade esta que se tornava cada vez mais forte com o passar dos km. O máximo que fazia era reduzir um pouco a velocidade para deixar a fc baixar e depois voltar a acelerar novamente e o tempo todo me perguntava o que eu estava fazendo ali e porque me sujeitava a desafios como estes. E assim fui seguindo até o final passando pelos 10km em 0:48:17 e cruzando a linha de chegada (10,3km) com 0:49:39. Na classificação geral feminina fui 25º colocada e terceira na minha faixa etária.

Se com 10km eu sofri desta maneira, imagina será os 5km do McDonalds no domingo. Será a primeira a primeira vez que vou correr pra valer uma distância curta e uma prova só de mulheres. Depois eu conto como foi. 





domingo, 14 de outubro de 2012

Buenos Aires, o retorno

Na semana passada voltei para Bueno Aires, mas desta vez não para correr e sim para ser staff do namorado que iria enfrentar sua primeira maratona. Pela terceira vez, retornei as terras portenhas e já me sinto tão a vontade por lá que já posso quase me considerar uma moradora da cidade, perdendo o medo de andar pela cidade.

Diferente da primeira vez, ficamos num hotel distante do centro turístico e nos deslocamos basicamente de metrô, conseguindo assim vivenciar a rotina dos argentinos. Na primeira vez fiquei num hotel próximo ao centro e fiz tudo o que turista faz e minha impressão foi das piores, achei os argentinos na grande maioria mal educados. Certa vez, conversando com um amigo ele me disse que eu estava errada e se quisesse realmente conhecê-los, devia ficar longe do centro turístico, pois a grosseria deles eram respostas as grosserias dos brasileiros. Dito e feito, a impressão que eu fiquei nesta viagem foi exatamente o contrário da primeira.

Mas voltando ao motivo principal da viagem, a maratona, senti uma espécie de "revival", revendo a Expo e acompanhando a prova. Exatamente um ano atrás estava na cidade para correr esta maratona, depois da quebra no Rio, com a cabeça cheia de incertezas e sob um forte stress que somente seria diagnosticado meses depois. Hoje com a vida mais calma, tive a constatação de quanto minha vida mudou e melhorou em um ano e o quão feliz estou. Parece que tudo de ruim ficou para trás e de agora em adiante só coisas boas irão acontecer.

Bom mas voltando para a prova, ser staff é tão ou mais cansativo que correr a prova, principalmente quando quem você está auxiliando corre muito. A estratégia combinada era o seguinte, esperar a largada e ir até a estação de metrô (cerca de 1,8km de distância), seguir até a Plaza de Mayo (km13 da prova). Dali seguir a pé ia até Puerto Madero (km29) e esperar para entregar a Coca-cola. Uma vez entregue, correr até o metrô e voltar para chegada. O planejamento era lindo mas a execução teve alguns imprevistos.

Amanheceu frio e garoando e a esperta aqui esqueceu de pegar o guarda-chuva e a capa de chuva que tinha levado e novamente tomei chuva e passei frio sendo staff do namorado (a primeira foi na maratona do Rio). Quando foi dada a largada esqueci de acionar o relógio e quando me dei conta não tinha muita certeza de quanto tempo tinha passado, então resolvi considerar 5min. De qualquer modo, tinha apenas 50 min para chegar na Plaza de Mayo e decidi ir correndo até a estação para chegar mais rápido. Quando cheguei lá, os locais de venda de bilhete estava fechado e acho que minha cara de desespero era tão grande, que o moço deixou eu entrar mesmo sem passagem. Só que o metrô demorou para passar e acabei chegando 5 min atrasada.

De lá fui a pé para Puerto Madero e ainda tinha que achar um local para comprar Coca-Cola. Por sorte achei em Puerto Madero mesmo, uma lojinha aberta que tinha Coca-cola. Eu devia ter ficado por lá aguardando a elite passar, mas o medo de desencontrar do namorado me fizeram ir direto para o local de encontro, ficando por lá cerca de uma hora embaixo de garoa e com vento gelado.

Quando ele finalmente passou e entreguei a Coca-Cola, eu estava tão congelada que não conseguia nem correr direito. De lá, começou a minha saga para chegar na chegada antes dele. Ainda bem que o metrô não atrasou e uma corridinha da estação até a chegada me fizeram chegar faltando 5 min da estimativa de término, mas ele demorou para chegar e cada minuto que passava mais angustiante se tornava a espera. Quando finalmente eu o vi, todo aquele sentimento de preocupação e angustia passaram e pude finalmente começar a relaxar.

Só então depois de voltar para o hotel, tomar banho, fazer checkout e ir almoçar é que percebi que não havia bebido nem comido nada desde de manhã. Faziam quase 7 horas que estava em jejum completo.

No final, o Garmin marcou um pouco mais de 8km (ele não contabilizou a ida e volta de metrô) que me cansou mais que uma maratona inteira e encerrando assim mais uma aventura em terras Portenhas.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Treino, corrida e certificação

Bem que eu tentei escrever, mas finalizado o curso preparatório para o PMP entrei no período de estudo e devo confessar que estimei errado o nível de esforço e tempo que estudo levaria. Foram 4 semanas de total dedicação e conciliar com trabalho e treino foi algo complicado. No final tudo deu certo, no dia 20/09 consegui obter finalmente meu certificado. PMP para quem não sabe é uma certificação para gerente de projeto.

E no meio de todo estudo os treinos evoluiram, além de também ter passado por uma certa adaptação. Trocar treinos de maratona por treinos curtos e de velocidade, parece ser fácil, mas na realidade não é. Eu perdi a noção do meu ritmo forte, o quanto eu aguento correr 3k, 2k ou simplesmente series de 500m e pior, quando a fc atinge um certo patamar continuar correndo torna-se impossível. Vários treinos eu quebrei, não consegui completar por mais que me esforçasse.

Mas com o passar das semanas e principalmente após a certificação, onde consegui descansar, eu comecei a correr melhor e aos poucos a velocidade foi melhorando e agora sinto menos desconforto correr forte. Outra coisa que notei é que minha fc está subindo mais rápido, mas também a recuperação é mais fácil.

Claro que a mudança da temperatura na semana passada também ajudou muito a melhorar a qualidade do treino. Correr com 15ºC é melhor do que com 30ºC, o problema é quando a temperatura ficou abaixo disso, você demora muito para esquentar e a velocidade máxima só é obtida na 3 serie.

Durante este período também teve o Timão Run e eu pretendia escrever a respeito, mas como simplesmente "sumiram" com meu resultado e mesmo reclamando várias vezes não tive um retorno sequer, resolvi não falar nada a respeito desta prova e provavelmente não correrei mais nenhuma prova da Geo Eventos. A prova foi muito boa, mas a organização conseguiu estragar o mais importante, a publicação do resultado.

Neste tempo também fui treinar no Parque do Trote na Vila Maria e gostei muito de lá. É uma pista larga de quase 900m de terra batida, onde é possível fazer bons treinos sem ter que ficar desviando de muitas pessoas. O parque tem banheiro e bebedouro, não possui estacionamento, mas é possível parar na rua sem dificuldades. Para quem está acostumado a correr em pista, é um lugar bem interessante para experimentar.

O meu próximo desafio será nos 10km na Corrida Santos Dumont em Santana, praticamente quintal de casa, já que já treinei tanto neste circuito que conheço cada buraco, cada sombra do percurso.

domingo, 26 de agosto de 2012

I'm back

Como diz o ditado "o bom filho a casa retorna", estou de volta e agora para ficar. Acho que desde que comecei a escrever o blog nunca fiquei tanto tempo sem fazer qualquer atualização, mas foi por um bom motivo.

Bem em primeiro lugar deixo claro que não morri e que este post não é fruto de uma sessão mediúnica. Minha ausência também é justificada, desde a maratona tive que me concentrar num curso para obter a certificação PMP e o meu tempo simplesmente acabou. A saga da certificação ainda não terminou e por isso o blog deve sofrer mais um pouco nas próximas duas semanas.

Neste período de ausência também fiquei doente...A chuva e o frio que eu peguei na maratona do Rio (não estava correndo, apenas assistindo), aliado a baixa imunidade provocada pela maratona de Rosário, me fizeram ficar doente e tive todos os "ites" possíveis, laringite, sinusite e rinite com muita febre, dor de cabeça e fraqueza. Com isso fiquei mais de 2 semanas parada e o semestre que já seria curto ficou ainda mais curto.

Só voltei a treinar no final de julho, mesmo assim poucos dias da semana por causa do curso para certificação. Esta semana foi a primeira semana que consegui treinar 5 vezes na semana, nas outras o máximo que conseguia eram 3.

Como o semestre é curto, o trabalho será focado na intensidade. Serão treinos curtos, visando o aumento de velocidade e posso dizer que estes treinos irão doer mais que os longões do primeiro semestre.

As metas para este segundo semestre são: 

09/09 -Timão run - 8km

12/10 - Corrida Santos Dumont - 10km

04/11 - Golden Four - Brasilia (prova alvo, abaixo de 1:45)

Em Novembro saio de ferias dos treinos, pois em Dezembro inicio a preparação para a Maratona de Boston. Este ano o Natal e o Ano Novo serão regados a muitos treinos.

Com relação aos treinos da semana, também uma novidade estou voltando a treinar de manhã. Esta estória de correr a noite depois do trabalho não é pra mim, normalmente estou cansada do dia e o treino não rende muito. Eu também perdi velocidade e a fc voltou a ficar alta e isto tem prejudicado o rendimento nos treinos.

Na terça o treino era 5 de 1 km a 80%, seguido por 1 de 2 km a 85%. Consegui manter o ritmo de 5:10 nas series de 1km e 5:07 na serie de 2km. No final com aquecimento fechei o treino com quase 8km

Na quarta-feira 15 a 20'00 bem leve, seguido por 12 x 30'' sendo 1 fraco, 1 medio e 1 forte. Treino tranquilo de quase 5km.

Na sexta-feira o bicho pegou, o treino era 10 de 2'00 75/80%, seguido por 3 km FORTE. Fiz os intervalados sem forçar a 5:10, mas isso não foi suficiente para que eu aguentasse os 3km. Como estava sem referência iniciei com ritmo de 4:20 e fui bem até quase 1,8km, daí a fc subiu muito e eu fui obrigada a parar para deixar a fc descer. Segui em frente mantendo o pace, mas faltando 400m tive que fazer outra parada. No final descontando as paradas fechei os 3km em 13:11 e devo ter ficado uns 30"parados. O resultado não foi bom, mas serviu para eu identificar minha fc máxima e também para eu criar uma referência. Terminei tão destruída que foi difícil ir trabalhar em seguida.

No sábado a planilha dizia 10km a 80%, treino tranquilo que fechei em 52min

No domingo mais uma pedreira, 12 min de aquecimento seguido por 3 de 2 km a 90%. Como fui treinar na base fiz as series com subida e vento contra, ou seja, tudo para tornar o treino mais divertido. Mesmo assim o ritmo da series de 2km ficou em 4:45 e no final fechei o treino com um pouco mais de 7,5km.

E assim fechei minha primeira semana de 5 treinos pos maratona de Rosário. Está tão dificil voltar a velha forma que eu me pergunto como fui capaz de fazer a prova da Tribuna em 48min.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Maratona de Rosário e o Índice para Boston

Quando escolhi correr Rosário não tinha noção que esta prova iria entrar para a história, que seria em terras Argentinas o cenário propício para eu obter o melhor resultado da minha vida. Só posso resumir esta viagem numa palavra: Perfeição.

A primeira vez que li sobre esta prova foi na na ContraRelógio e uma frase me chamou a atenção, "você conhece Argentina ou somente Buenos Aires?" e posso dizer que eles estavam com razão. Para todos que eu contava que ia correr em Rosário, a pergunta era sempre a mesma, "fica aonde?" ou então "Você vai correr em Buenos Aires?" e indo para esta cidade acrescento mais uma informação, Buenos Aires é uma cidade para turista brasileiro, quer conhecer realmente a Argentina vá para Rosário, Mendonza ou qualquer outra cidade.

A cidade 
Rosário é uma das cidades mais importantes da Argentina e da América do Sul. Localizada na província de Santa Fé, a 300 km da capital, Buenos Aires, Rosário chama atenção por suas belezas naturais e por sua rica cultura, como espetáculos de dança, música, peças de teatro e etc.

Monumento de La Bandera
Foi em Rosário, em fevereiro de 1824, que a bandeira da Argentina foi erguida pela primeira vez, pelo General Manuel Belgrano. Rosário é um município com excelentes opções de hospedagem, várias opções gastronômicas, museus, teatros e praças. Às margens do Rio Paraná, essa linda cidade da província de Santa Fé, conta com as Ilhas do Alto Delta que lhe dão um ar litorâneo.

Margens do Rio Paraná - Parque España
Rosário além de suas belezas, é um importante pólo de produção da Argentina e da América do Sul, se destacando ultimamente pela produção de recursos tecnológicos. Por possuir uma economia forte e importante na Argentina, Rosário é uma cidade que recebe muitos eventos e congressos, contribuindo assim cada vez mais para seu crescimento.
(fonte: http://www.rosarioargentina.com.br/ )

Por não receberem quase turistas brasileiros, eles não aceitam real, não falam "portunhol", mas são extremamente simpáticos e atenciosos para tentar te ajudar, bem diferente de Buenos de Aires. O que é claro não te livra de alguns embaraços linguísticos (só quem viajou para um país estranho sabe o que é isso, né Bessa????)

Outra coisa que chamou a atenção é que não trabalham com cartão, tudo lá, principalmente restaurante é pago em dinheiro (peso).

A viagem

Não existe vôo direto do Brasil, ou você vai via Gol com escala em Porto Alegre ou vai de Aerolineas Argentina com escala em Buenos Aires. Nos dois casos será necessário uma espera significativa.

O aeroporto é bem pequeno quase de cidade do interior e foi preciso esperar quase uns 15 minutos por um táxi (sim, não existe fila de táxi esperando na porta, pois o aeroporto fica numa outra cidade formada praticamente por condomínios fechados, muitos utilizados apenas nos finais de semana)


A véspera e a retirada do kit

 Chegamos em Buenos Aires na sexta-feira a noite e no sábado foi dia de retirar o kit. No local de retirada do kit, apesar de não muito grande conseguiram montar uma pequena feira. Como cheguei tarde, havia uma fila grande para retirar o kit, mas a educação dos atletas me surpreendeu. Não havia baias ou corredores para orientar a fila, mas cada pessoa que chegava via onde era o final e aguardava lá até chegar sua vez, sem tentar furar a fila. Não sei ao certo, mas devo ter levado uns 40 a 50 minutos para pegar o kit, sem atropelo e sem stress. O kit era simples formado basicamente pela camiseta, numero do peito, pulseira de largada e chip.

Com o kit na mãoera hora de ir almoçar, descansar, arrumar as coisas para o dia seguinte e jantar, não necessariamente nesta ordem.

Kit separado

A prova
Por ser uma região com baixas temperaturas (de 8ºC a 15ºC), e amanhecer tardio (o amanhecer acontece por volta das 7:00) a largada é dada as 9:00. Com isso, foi possível acordar as 7:00, tomar café com calma e ir trotando para a largada (o hotel ficava a menos de 1km do hotel).

A largada acabou atrasando 5 minutos e iniciou após uma contagem regressiva animada. Haviam muitas pessoas assistindo a largada e a presença do público foi uma constante em quase todo o percurso, Rosário realmente parou para assistir a prova.


Só que desta vez eu não estava correndo sozinha, o destino resolveu me dar uma ajudinha de última hora e para esta prova tive o privilegio de ter o suporte de um coelho pra lá de muito especial, o Nelton. O plano original era que ele iria correr os últimos 12km comigo, mas na hora ele resolveu iniciar a prova comigo e fazer os primeiros 2km (que no final acabaram sendo 3km).

No primeiro posto de hidratação uma surpresa, não havia copinho fechado e sim copo térmico grande de água, tentei beber e consegui no máximo um gole apenas. Aquilo me preocupou, pois com posto de hidratação de 5 em 5km e aquela quantidade restrita de água eu podia ter problemas de desidratação. Um pouco antes de me deixar o Nelton me perguntou qual era o ponto de hidratação importante para mim e eu disse o 15º km. Ele me disse para não me preocupar e que ele iria me esperar lá.

Segui sozinha mantendo o ritmo e passei os primeiros 5km com um pace medio de 5:10, só que num posto de hidratação proximo ao km8 eu vi que estavam distribuindo garrafas e tentei pegar uma ao invés do copo e quase fiz um strike me chocando com um staff. Peguei a garrafa enquanto o staff gritava "Vamo, Vamo, Vamo!" , mas perdi alguns segundos preciosos. Daí decidi correr segurando a garrafa a fim de garantir hidratação pelos proximos 2 km.

Só que entre o km 5 e 10 eu tive uma queda de ritmo e acabei fechando os 10km com ritmo 5:15. A partir daí acabou o aquecimento e sabia que precisava acelerar, comecei a forçar o ritmo e subi para 5:05/5:10.

Próximo ao km 15 encontrei o Nelton me esperando com uma garrafa de água, me hidratei novamente e segui forçando o ritmo. Este foi o melhor momento da prova e pude baixar o ritmo médio para proximo dos 5:12.

No km 20 encontrei com o Nelton novamente e seguimos juntos até o km 22, passando a metade da prova com cerca de 1h50. Neste momento eu vi que o marcador de ritmo dos 3h40 estava exatamente atrás de mim, junto com um pelotão enorme de corredores e a partir daí começou o meu inferno. Eu acelerava para deixá-los para trás e ele me seguiam. Olhava para o relógio e via que meu ritmo medio estava abaixo de 5:10 e pensava "caramba, este caras estão acima do ritmo, se continuarem assim vão terminar antes de 3h40".

No km 24 tinha um posto de powerade, mas não consegui pegar garrafa apenas o copo, tentei beber mas sem chance, joguei tudo fora. Um pouco mais na frente um corredor paraguaio me ofereceu a garrafa dele, consegui beber um pouco, agradeci e devolvi a ele que repassou para outros atletas. Daí eu entendi a solidariedade deles. Quem pegava garrafa e não bebia tudo, fechava e deixava em pé no meio da rua para o próximo corredor pegar. É realmente uma solidariedade que não vemos por aqui.

Bem segui em frente tentando me livrar do pelotão, mas lá pelo km 26 resolvi fazer minha prova e deixar eles prá lá pois sabia que se tentasse ficar na frente deles ia quebrar, visto que o ritmo estava alucinante. Só que eles me passaram e não abriram e um cara de bicicleta, provavelmente o pacer de algum atleta ficou entre mim o pelotão simplesmente me atrapalhando.

Fiquei nesta situação por um tempo até que o cara da bike conseguiu me irritar profundamente, daí resolvi acelerar ultrapassar todo mundo ir para o outro lado da rua e abrir uma certa distância. Isso funcionou por um tempo, pois meu ritmo caiu e perto do 29km eles me ultrapassaram e abriram uns 20m.

Com um pouco mais de 30km encontrei com o Nelton, que me esperava com um powerade e começamos o caminho para a casa. Logo em seguida teve uma subida, acelerei, passei o pelotão e abri. Perto do 32km a visão do paredão era incrível, havia muita gente quebrando e começamos a ultrapassar um a um.

No km 35 comecei a sentir as dores do acúmulo de lactato, mantive a concentração das passadas e segui em frente, no km 37 as dores melhoraram. Quando passamos pelo km 38 o Nelton me disse "sabe qual é a distância até Boston? São menos de 25 minutos" era hora de seguir em frente.

Mas a corrida me reservava uma surpresinha de última hora, perto do km 40 eu cansei e comecei a me sentir mal, parecia que ia desmaiar, pedi para o Nelton não me deixar, tomei metade do último gel e fiz um acordo com o meu corpo, "quanto mais cedo terminar a prova, mais cedo você irá descansar". O Nelton me perguntou o tempo da prova e vi que era possível um sub 3:40.

Então vi que o percurso mudava e em vez de seguir pelo túnel, íamos pegar uma verdadeira descida. Comecei a descer meio que controlada, mas na metade vi a placa do km 41 e resolvi acelerar. Depois da ladeira seguimos pela rua rumo ao pórtico de chegada, as pessoas gritavam e aplaudiam e era como se me empurrasse. Fiz o último km mais alucinante da minha vida chegando no final a um ritmo de 4:12.

Quando cruzei a linha de chegada, o relógio mostrava 3:39:38, não só tinha conseguido índice para Boston como tinha diminuído 5 minutos do tempo necessário. Eu era uma sub 3:40. Chorei de soluçar abraçada ao Nelton, eu tinha conseguido, 2 anos de treinos duros me levaram até aquele momento e sim eu era uma vencedora.

Quero agradecer a todos que durante estes 2 anos acompanharam minha saga, me deram força e de certa forma sofreram comigo. Vocês tiveram um papel importante nesta conquista, pois o carinho que recebi aqui foi fundamental para enfrentar todas as dificuldades.

Agora posso dizer que a distância entre sonho e realidade são 42.195m


Olha o sorriso de felicidade

Mais pose para foto
 
Nelton e eu


A medalha

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Tá chegando a hora

Este ano ficará conhecido com o ano dos PR batidos e desta vez o PR não tem nada a ver com corrida e sim com relação a este blog. Acho que pela primeira vez desde que comecei a escrever que o blog ficou sem atualização por 3 semanas. O lado bom é que eu continuo viva, sobrevivi as 2 semanas infernais e este texto não é fruto de psicografia.

Semana de Treino 28/05 a 02/06

Quando recebi a planilha não sabia se ria ou chorava e no final acabei surtando, pois o longão novamente foi alterado para domingo. Fazer longão no domingo significa ter que trabalhar no dia seguinte com o corpo todo moído e eu estava passando por isso na semana, pois o cansaço do longão do domingo atrapalhou o trabalho na segunda e me impediu de treinar na terça.

Depois que o surto passou respirei, pensei melhor e resolvi seguir a planilha com o planejado ou seja, treinar de quinta a domingo, fechando o domingo com 34km. E ainda para ajudar, resolvi fazer na quarta-feira o treino que perdera na terça, aumentando para 5 (cinco), os dias seguidos de treino.

Na quarta-feira o treino era 10 de 4 min sendo 1 min fraco e 3 min medio. Fiz o fraco com ritmo de 6:30 e o medio com ritmo de 5'00. No final fechei o treino com um pouco mais de 8,5km.

Na quinta-feira o treino era 8 de 1 km com ritmo de 5'00 e o descanso era aguardar a fc chegar a 125/130. Consegui fazer as series no ritmo determinado e a recuperação ficou em torno de 1min, ou seja pela primeira vez não tive problema em fazer a fc retornar, muito pelo contrário ela retornou rápido demais. No final junto com o aquecimento fechei o treino com um pouco mais de 11km.

Na sexta-feira, o treino era 8 km ritmo progressivo. Como estava chovendo não quis arriscar um resfriado e fiz o sacrificio e fui para esteira (sim so nestas ocasiões quando uma maratona está perto é que treino na esteira e no Esperia é ainda pior pois da esteira dá para ver a pista e você fico olhando e desejando estar lá). Bom, comecei com velocidade 8/9km/h e subi para 10km/h nos proximo 2km, 11km/h nos proximos e 12km/h no ultimo. O treino até que não foi tão ruim em virtude do progressivo, pois eu tinha com o que me entreter.


Daí fui arrumar minha mala e ir para o Rio. Sim decidi tudo na sexta-feira mesmo, na maior correria. No domingo teria um treinão 15/30km e com todo o suporte e seria perfeito para rodar os 34km.

Mas antes do longão de domingo eu tinha treino no sábado e fui experimentar um local muito legal de treino, a Lagoa. Amei correr na Lagoa e sim os cariocas tem vários lugares muito bom de treino e a Lagoa está entre eles.

O treino era 5 de 3 km 80/85%  e como o tempo estava encoberto mas com alta umidade acabei fazendo as series com ritmo variando entre 5:10 e 5:20. No final fechei o treino com 18km, considerando o aquecimento.

Depois do treino fui buscar meu kit para domingo e quando estava quase saindo, vejo uma moça de boné rosa passando por mim. Pensei na hora "Elis? será que é ela?" resolvi arriscar e chamei por ela. Ela me olhou e então me reconheceu.... sim era a Elis, a minha amiga virtual, representante dos Baleias e que nunca tínhamos conhecido pessoalmente. Fiquei muito feliz e soube que na vida não existe coincidências. Bem com o kit na mão retornei para o hotel para descansar e me preparar para o domingo.

O domingo amanheceu com um ceu azul lindo e já dizendo que iria esquentar e judiar dos atletas. Chegando no Aterro, soube que iria correr na Perimetral, a volta de 15km era 5,5km na perimetral, fazendo o retorno passando pela largada, indo mais 2km no sentido do Aterro e voltando para a largada novamente. Como ia correr 34km, decidi que faria 4km antes e depois 2 voltas completas de 15km fechando o treino.

Assim comecei antes e quando passei na largada, a mesma já tinha acontecido e com isso corri sozinha o tempo todo. Para evitar a quebra que tive na maratona do Rio, decidi não forçar correr baseado na sensação de esforço, mesmo que o ritmo final ficasse acima do esperado. Só que a fc estava ótima mesmo considerando o calor e consegui correr com ritmo em torno de 5'15/5'25 quase o tempo todo.

Por incrível que pareça a Perimetral foi mais fácil que o Aterro. No Aterro o vento acabava e o calor vinha com tudo, fazendo com que meu ritmo simplesmente desabasse, na perimetral tinha uma brisa e ajudava o corpo esfriar. Fiz a primeira volta bem e iniciei a segunda mantendo o ritmo. Passei pelo 30km com 2h40, mas sofri muito nos 4km finais por causa do calor, fechando o treino com 3h04 e a certeza que se com o calor fiz um excelente treino, na maratona no frio eu ia simplesmente voar.

Assim fechei a semana infernal com os incríveis 80km rodados em 5 dias seguidos.

Semana de Treino 28/05 a 02/06

O preço de todo o esforço feito nos 5 dias de treino eu paguei na segunda-feira. Tive início de febre, dor no corpo e início de resfriado e o resultado foram 2 dias off (segunda e terça). A sorte é que tinha feriado na quinta e a semana foi curta.

Na quarta-feira, o treino era 10 de 1 min a 80% seguido por 5 km a 85% e como estava chovendo lá fui eu novamente sofrer na esteira. O treino foi meio complicado, principalmente nos intervalados, mas cumpri o planejado. No final  junto com o aquecimento rodei 8,5km.

Na sexta-feira, apesar da garoa e do frio, eu fui treinar na pista e o treino era 6 de 1 km 80%. Consegui fazer todos as series com ritmo de 4:40, fechando o treino com quase 8km.

No sábado, amanheceu um dia perfeito, tempo frio, encoberto e sem chuva, exatamente o que devo encontrar em Rosário e com isso consegui fazer o melhor treino na minha vida. Passei os 21,1km abaixo de 1:49:40, batendo meu PR na distância e fechando os 30km com 02h36 simplesmente inteira e com a fc nos 80%.

No domingo, acordei com preguiça e em vez de treinar fui assistir o jogo do Nadal, mas estava tão cansada que resolvi empurrar o treino para terça-feira. fechando de maneira preguiçosa e com chave de outro minha semana infernal.

Semana de Treino 04/06 a 10/06

Faltando 2 semanas para a maratona, a ordem agora é cuidar do descanso e da alimentação. O volume de treino cai e a velocidade tende a aumentar.

Na terça-feira foi a hora de pagar a preguiça de domingo e lá fui eu completar o treino 10 de 1'30 sendo 30'' fraco, 30'' medio, 30'' forte, seguido por 10 km progressivo ate o talo. Nos intervalados fiz o fraco a 6'30, o medio a 5'00 e o forte a 4'00. No progressivo, dividi em 4 partes, fiz os primeiros 3km a 5'40, os outros 3km a 5'15, os proximos 2km a 5'00 e os ultimos 2km a 4'40. Fechando o treino morta e com 14km.

Na quinta-feira o treino era  10 de 500m a 85% e consegui manter um ritmo de 4'30 em todas as series fechando o treino com um pouco mais de 7,5km.

No sábado o treino era 15km no ritmo da prova. Apesar do calor, mantive o ritmo e fechei o treino com 1h17 com a fc um pouco acima do normal.

No domingo o treino era  7 de 1 km 80/85%, mas segui o conselho do treinador e não forcei muito para não chegar desgastada na maratona. Fiz todas as series com ritmo de 5'00, fechando o treino de maneira leve com 8km.

Bom agora é arrumar as malas, descansar e viajar. Domingo será o grande dia onde farei aquilo que treinei, nem mais nem menos. Nada pode ser mudado agora é so seguir o que já foi ensaiado.

A previsão é de tempo bom, com temperatura variando entre 8ºC e 18ºC.

Desta vez não estou ansiosa, estou calma, a pior parte já passou, superei todos os problemas e cheguei até aqui inteira. Se alguém me dissesse no início do ano que a vida daria tantas voltas e que eu estaria aqui neste momento, tão bem e tão feliz, eu não acreditaria. É como se a chuva passasse e o sol abrisse.

Não sei como terminará esta história, mas o final não importa, darei o meu melhor e isto já é o suficiente.